Desmistificando as ‘Zonas Azuis’: A Realidade por trás da Longevidade Extremada

A recente premiação do IgNobel trouxe à luz um estudo que questiona a veracidade do conceito de ‘zonas azuis’, aquelas regiões do mundo onde se acredita haver uma concentração anormal de supercentenários. O trabalho do demógrafo Saul Justin Newman, da University College London, revela que muitos dos dados utilizados para sustentar essa narrativa podem estar contaminados por fraudes de registros de nascimento e óbitos. A ideia de que certas práticas, como dietas específicas ou estilos de vida, garantem longevidade é desafiada pela pesquisa que identifica fatores como pobreza e falta de educação como predominantes nessas regiões. Newman’s estudo mostra que a maioria dos supercentenários não possui certidões de nascimento, o que levanta questões sobre a precisão dos dados demográficos utilizados em várias pesquisas. Assim, o verdadeiro ‘segredo’ da longevidade pode não estar em hábitos saudáveis, mas sim em características socioculturais relacionadas à pobreza e à ausência de registros adequados. Essa discussão não só desmistifica o ideal das ‘zonas azuis’, mas também nos convida a refletir sobre os valores que associamos à longevidade e às narrativas que consumimos acerca delas.